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“Awake, arise, or be for ever fall’n”
Para aqueles que tem algo mais produtivo que fazer da vida do que acompanhar fofocas de subcelebridades, começo com uma pequena atualização. Há três anos, rola uma briga de gatas (miau) entre uma aspirante a blogueira e uma senhora de meia idade, que atende pelo nome de Ana Campagnolo, deputada estadual eleita pelo estado de Santa Cantarina, primeira antifeminista do Brasil, Autoridade, Pioneira, Mãe de Israel e de dragões.
A blogueira (eu mesma) escreve agora porque, desde o início da confusão, Ana Campagnolo tem demonstrado uma devoção admirável em não tomar conhecimento de absolutamente nada que envolva minha pessoa. Não viu o vídeo com a resenha do próprio livro, mas comentou. Não viu a resposta, mas comentou de novo. Não viu mais nada, seguiu comentando com a mesma fé inabalável. E agora, com meu livro sobre a morte do feminismo prestes a ser publicado, ela continua comentando o livro que, veja bem, ainda não foi publicado. Justiça seja feita: não se pode acusar a Mãe de Israel de inconsistência. Desde o princípio, permanece fiel em seu sacerdócio
Mesmo sem ler, contudo, as blasfêmias que direciona contra mim finalmente saíram da zona “inveja, mil vezes inveja!”. Com alguns anos de atraso, ela parece (talvez não tão honestamente, but still) estar tentando entender sobre o que estou falando.
O que é ótimo, embora o único inconveniente de abrir um debate desse nível é precisar ouvir que autópsia significa “autoexame”. Mas tudo bem, não se pode esperar domínio de etimologia grega por parte de quem acredita que publicar panfletos políticos basta para conquistar autoridade intelectual. Sigamos.
Começo pela análise de uma afirmação extraordinária: a de que “nenhuma filosofia política termina por ser incoerente”. E não posso deixar de me perguntar se, em algum momento, alguém além dela realmente sugeriu que o feminismo fracassou por incoerência. Afinal, apenas os tolos, incapazes de compreender o jogo sutil da revolta, ousam descartá-lo como uma farsa paradoxal, incompreensível e histérica. E, justamente por isso, são exatamente os tolos que acabam sendo atropelados por ela.
Diante disso, faço uma pausa na reflexão, tomo um gole de café. Passo a me questionar se realmente valeria a pena seguir depois de engolir essa pílula tão caprichada de nada com nada. Mas decido que sim. Já estou aqui mesmo (em Barbacena).
E vale, pois finalmente surge a grande questão, talvez a única realmente central. O que houve com a mulher para o feminismo? Começando sua sustentação, Campagnolo apresenta um trecho do famigerado Perversão e Subversão para sustentar que, bom, a mulher morreu mesmo, nisso podemos concordar:
“Quando o movimento feminista insiste em falar sobre “mulheres” e em nome delas, é apenas uma questão de marketing. A propaganda é a alma do negócio e a clientela ainda é feminina”. E, depois de citar Judith Butler, continua, “Quem seria realmente defendido pelo feminismo se não existe nenhuma objetividade acerca de quem ele representa? Se “homem” e “mulher” são categorias arbitrárias a serem desconstruídas, quem o feminismo defende? Se qualquer um pode se considerar ou se transformar em mulher, a razão de ser do feminismo também não existe mais”.
Quanto a situação do feminismo depois desse óbito, em outro momento, podemos ler:
“Dentro de um projeto muito, muito maior que o movimento de mulheres revolucionárias – a respeito do qual até se poderia dizer que o lugar do feminismo desempenha um papel temporário, à beira da obsolescência (...)”.
Com a ponta dos dedos, observamos como Campagnolo tocou na verdade e foi embora logo depois. E tudo bem, não poderia fazer tudo, ela era uma jovem com um prazo muito curto, seis meses, para escrever um livro muito abrangente. E, para piorar tudo, não sabia fazer uma citação. Somos mortais, não somos Santas, temos nossas limitações.
Contudo, agora de volta às redes sociais, ela passa a defender que qualquer pessoa que ouse falar sobre a possibilidade de morte do feminismo é (deixa eu conferir de novo aqui) um jumóquio, pois o feminismo vive e reina. Acho que o negócio da obsolescência ficou para outra hora, então.
Para a Mãe de Dragões, “as feministas remodelaram seu sujeito como o marxismo fez”. E digo mais (ou melhor, ela diz mais): isso não é novidade, ela já havia demonstrado. Como prova irrefutável, apresenta uma citação aleatória de Nietzsche — o que, convenhamos, é o equivalente filosófico a mostrar a língua e ir embora1. E se sabemos que ela não sabe o que é o requisito formal de originalidade de uma tese, sabemos que aprende rápido.
Fui buscar a referência (ela finalmente aprendeu a citar corretamente, até mesmo nas redes sociais; you go, girl!). O autor é Agustin Laje, conhecido pelo Livro Negro de Alguma Coisa. O problema, porém, é que Laje parte da ideia de que o feminismo pode ser dividido em ~ondas. E, por causa dessas malditas ondas, conclui coisas terríveis, como: “o feminismo liberal acreditava ser possível resolver os problemas que ele mesmo denunciava por meio de reformas eleitorais”.
Mas pode piorar, escute com atenção:
Com toda honestidade, não podemos dizer que o livro de Friedan é profundamente comprometido com ideias esquerdistas. Daí que digamos, seguindo Valcárcel, que é um “interregno”, um prólogo para o que será a terceira onda feminista.
Com um padrão intelectual tão rígido assim, começo a considerar se minha avó, ao levantar a saia para estender a calcinha no varal, estaria praticando um ato feminista. Será que morreu mesmo, vó? Você é uma cabeça da hydra, confesse! Vá andar na prancha. Tudo depende do humor da ~onda.
E se Agustin Laje já estava ruim, quando a crítica continua e leio “essencialismo estratégico” percebo que, com isso, retorno à origem de toda a maldição que recaiu sobre mim desde o meu nascimento: a maldição do bêbado e o caixão. Quem morreu? Ele. E, se continuar nesse ritmo, teremos um velório coletivo.2
Aliás, me conta uma coisa, pode ser baixinho, você também citou, aleatoriamente, Evola; tá cavalgando ou não tá?
Antes que eu me esqueça. Ana, o livro da Rachel Wilson demonstra como a origem do feminismo é a Reforma Protestante. Mas é fraco de fontes, se quiser, guenta aí a publicação do meu, porque lá tá mais robusta a tese.
Débora, comprarei o seu livro e espero, de coração, que ele venha com a seguinte frase autografada:
"Quem morreu? Ele."
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
KKKKKKK QUANDO EU VI A CITAÇÃO A EVOLA EU RI TANTO NA MINHA VIDA. Soube nesse exato momento que ela simplesmente não leu todos os livros que citou. KKKKK CUIDADO ANA, A GNOSE VAI TE PEGAARR, BUUUUUUU KKKKK